O crescimento e a fragmentação do conservadorismo nos jovens brasileiros

dilma 

Bárbara Kosloff
Bruna Valada
Gabriel Rocha Ribeiro
Yasmin Galli
Matheus Vaz
Victor Fernandes

A reeleição apertadíssima da presidente Dilma Rousseff e a eleição do Congresso mais conservador desde 1964, pouco mais de um ano após as manifestações de junho de 2013, mostra uma forte divisão no eleitorado brasileiro. Sobretudo nos jovens, protagonistas dos atos que tomaram as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro e, posteriormente, todo o país, nota-se uma guinada em sentido contrário ao daqueles movimentos, pautados pela renovação política e luta por direitos sociais.

A forte rejeição a Dilma, tanto em manifestações nas ruas, ocorridas após as eleições, quanto em redes sociais, a votação maciça em candidatos da bancada da bala, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) e o deputado estadual de São Paulo, Coronel Telhada (PSDB), da bancada religiosa e ruralista, traduzem um sentimento crescente de conservadorismo entre os brasileiros, incoerente, a princípio, com as demandas levantadas há um ano.

Para tenter entender esse cenário, entrevistamos quatro jovens de 23 a 27 anos, que se colocam a direita do espectro político.

Todos discordam da maneira como a gestão petista tem conduzido a economia, são críticos e pessimistas em relação a classe política e a situação atual do país, embora sejam otimistas para o futuro. E, apesar do posicionamento conservador, são favoráveis com unanimidade ao casamento gay. Quando o assunto é regime militar ou aborto, dividem-se. Não há consenso em muitas áreas.

Para o jornalista de economia Arthur Odones, 23, que se classifica como sendo de “direita liberal”, o aborto não é uma prática coerente com o liberalismo. “Alguns falam que, como somos liberais, temos que defender o direito de liberdade da mulher de tirar o filho, afinal, o corpo é dela e ela faz o que ela quiser com ele. Nós contra argumentamos isso dizendo que a liberdade da mãe termina onde começa a do filho. Ela que tivesse se protegido e pensado nisso antes, pois, agora para ela usar seu direito à liberdade, ela terá que ferir a liberdade do ser humano que está dentro dela”.

Já o técnico de operações Oscar de Sousa Rodrigues, 24, considera que há outros aspectos, além das pautas progressistas, a serem abordados antes. “Tenho em minha concepção que o Brasil tem muitos problemas a se dedicar, dizendo, por minha opinião, que deveríamos deixar de lado esses assuntos e levantar assuntos mais importantes como a economia brasileira, odesenvolvimento do país”. Rodrigues foi o único entrevistado a votar em Dilma – todos os demais votaram no candidato Aécio Neves. Atribui, ainda, grande parte da condição atual do país no cenário político mundial aos anos de governo do Estado Novo e do regime militar: “as obras e evolução tecnologica que o país obteve entre os anos 1930 a 1980 foram 50 anos que tiraram o país da situação que estava para o padrão internacional de setor industrial, setor portuário e transporte”.

Rodrigues ainda propõe uma reformulação na política brasileira: “a democracia do jeito que está aplicada aqui é insuficiente, o voto obrigatório, a política de reeleição, os patrocínios aos partidos políticos, tudo isso torna a democracia ineficiente aqui [no Brasil].”

A questão do regime militar é divergente. Eduardo da Silva Ribeiro, vendedor de 29 anos e o produtor de eventos, Marcel Marciano, 26, é o mais firme em sua posição. “Eu gostaria muito que houvesse outro golpe militar. Os militares de hoje são diferentes dos militares de outrora. Os tempos mudaram, a cabeça dos militares é mais moderna, e muitas coisas não aconteceriam como da outra vez. Nenhum regime acontece da mesma forma de outro que já foi, em nenhum lugar do mundo, mesmo que seja um regime da mesma linha, porque você aprende com os erros e acertos do anterior”, afirma Marciano. Eduardo Ribeiro não vê a possibilidade da volta de uma ditadura militar no Brasil, embora concorde que esta seria benéfica. “Eu acho que o militarismo é rígido e o Brasil precisa de rigidez. Pena de morte, como nos Estados Unidos.”

Com uma pequena amostra desta parcela conservadora do eleitarado jovem brasileiro, contatamos uma forte pluralidade de ideias e opiniões e fortes divergências. A política brasileira, apesar do bipartidarismo tucano e petista, está fragmentada. Os 49% que fizeram frente a Dilma, inclusive.

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O brasileiro não é cordial, é solidário

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Novo livro de Domenico de Masi traz uma reflexão que desconstrói o estereótipo do brasileiro como “homem cordial” e defende a solidariedade e a criatividade como novo modelo social para o mundo

Por Amanda da Silveira, Luciana M. M. Almeida, Mariana Parra e Raisa Scandovieri

Domenico De Masi, sociólogo italiano famoso pelo conceito do “ócio criativo”, tem causado uma grande perturbação na cabeça de milhões de brasileiros desacreditados com o seu país, com seu mais recente livro, O Futuro Chegou, da editora Casa da Palavra/ Quitanda Cultural. O motivo? O autor defende que o Brasil é um modelo de país a ser seguido pelo resto do mundo.

Em meio à “crise” global que está alterando a configuração da distribuição de riquezas entre os países, De Masi lança a proposta de que o maior país da América Latina deve servir de exemplo social, político e econômico a outras nações, já que os modelos vigentes hoje, estão em decadência, como ocorre com o norte-americano e como já ocorreu com o europeu, antes dele. Entre os fatores apresentados para concretizar este modelo estão o alto percentual de população jovem, a solidariedade, o pacifismo, o bom humor e a criatividade, a hospitalidade e, principalmente, a capacidade do povo brasileiro em assimilar as contribuições de diferentes culturas e religiões de forma tolerante e construtiva, em busca de alternativas às adversidades. Características estas que chamaram a atenção do mundo e foram ressaltadas pelos estrangeiros durante a Copa do Mundo deste ano. Mas será que o brasileiro é mesmo tudo isso?

Segundo dados da pesquisa FASFIL 2010 (Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil), uma parceria entre IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgados no site da ABONG – Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – no Brasil existem cerca de 290 mil entidades sem fins lucrativos atualmente.

Essas organizações são formas eficientes e criativas de promover as mudanças que a sociedade espera, porém o governo não lança meios para que sejam alcançadas e é neste momento que a atitude coletiva e comprometida pode fazer a diferença. Além disso, uma pesquisa do IBGE aponta que 15 milhões de brasileiros fizeram doações para estas entidades e há cerca de 2 milhões de voluntários trabalhando nesse setor.

Em entrevista à BBC Brasil, a diretora de captação de recursos do Médicos Sem Fronteiras Brasil (MSF Brasil) disse que “o brasileiro é um povo solidário, porém, a cultura de doação no Brasil é muito diferente da Europa e dos EUA. No Brasil, as pessoas preferem doar para pessoas ou instituições próximas. Isso lhes dá a sensação de que o dinheiro será usado da forma correta”.

“Eu tinha entre 14 e 15 anos quando aconteceu o acidente. A minha tia estava no jet ski e não me viu atrás dela. Eu acabei me enroscando nas cordas, perdi o braço esquerdo e a minha perna esquerda ficou comprometida. Tive que fazer várias cirurgias para tentar reparar os danos”, diz o modelo fotográfico Alfonso Enrico, de 19 anos, que procurou a AACD (Associação de Auxílio a Crianças Deficientes) para ajudá-lo no processo de reabilitação.

Histórias como a de Alfonso surgem todos os dias, mas a diferença é que no Brasil existem mais “meios alternativos” para buscar ajuda e orientação, uma prova de que o brasileiro, na realidade não é o “homem cordial”, que abaixa a cabeça para tudo e se conforma por medo, como defendia Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. Segundo De Masi, a criatividade, o bom-humor perante as dificuldades e a solidariedade do povo brasileiro, grande porta-voz do soft-power, são aspectos fundamentais a serem seguidos na busca por um mundo menos opressivo. É exatamente nesse ponto em que surgem as inovações e as saídas alternativas, que a história acostumou a chamar pejorativamente de “jeitinho brasileiro”. Muitas vezes falta apenas entender que é justamente esse “jeitinho” que faz com que muitas pessoas possam sair de problemas reais, mesmo sem as condições mínimas a que têm direito.

“Eu devo muito à AACD, porque com ela eu reaprendi a andar direito com  a perna esquerda. Fiz futebol, natação, fisioterapia e aprendi a fazer tudo com um único braço. Em 2012, já conseguia dirigir e andar de skate, trabalhava como modelo e hoje vivo feliz com a minha família”, conta Alfonso.

Outro exemplo de ONG que deu um “jeitinho” onde antes só havia problemas sem solução é o Banco de Alimentos, uma organização não governamental fundada em 1998, com o objetivo de minimizar os efeitos da fome e combater o desperdício de alimentos, permitindo que um maior número de pessoas tenha acesso a alimentos básicos e de qualidade e em quantidade suficiente para uma alimentação saudável e equilibrada. “Os alimentos distribuídos são excedentes de comercializações, perfeitos para o consumo sendo distribuídos às 43 instituições cadastradas no projeto, o que soma mais de 21.981 mil pessoas”, destaca Alessandro Cochetti, 26 anos, representante da ONG Banco de Alimentos.

Outro aspecto que chama a atenção de De Masi é o sistema de saúde pública brasileira, um dos grandes modelos mundiais. “No período de dois anos em que morei na Alemanha, me chamou muito a atenção a diferença entre o sistema público de saúde de lá e o daqui”, comentou a artista plástica, Monica Rizzolli, de 26 anos. Monica explica que o sistema brasileiro é mais avançado aqui do que lá no que se refere a abrangência dos atendimentos. “Aqui [no Brasil], se eu chegar em um Pronto Socorro com dores de cabeça, passarei por avaliação, mas, de uma forma ou de outra, serei atendida (…) lá, para começar, não há postos de pronto atendimento, as pessoas só são atendidas mediante encaminhamento de um especialista ou em casos graves”, disse.

Um caso grave seria por exemplo, o câncer, cujo sintoma pode ser, sim, uma dor de cabeça. Mas o que fazer após o choque? A estudante Maria Beatriz Parra Macedo, de 17 anos, não se contentou ao saber da história de tantas crianças que perdem os cabelos durante as quimioterapias e depois ficam abaladas psicologicamente, e simplesmente ignorar o fato. Ela pesquisou na internet e encontrou a ONG Cabelegria, uma organização que recebe doações de cabelos com mais de 10cm de comprimento para fazer perucas destinadas a essas crianças. O intuito das doações é fazer com que as crianças superem mais facilmente a queda de seus cabelos.

“O meu cabelo cresce a cada dia um pouco e os cabelos dessas crianças caem cada dia um pouco, então ver o sorriso no rosto delas é o que me dá vontade de realizar as doações”, explica ela.

Como diria Domenico, “o jeitinho brasileiro é exatamente esse modo de harmonizar contrastes, de driblar os obstáculos, de usar com certa audácia também as estratégias que vão além das regras”. O que vai definir agora se o Brasil será mesmo toda essa potência que profere o autor será apenas a sua capacidade de continuar a mobilização que vêm crescendo nos últimos anos.

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A bicicleta é alternativa para mobilidade em São Paulo

Por Marcela Guido
O termo mobilidade tem sido discutido atualmente como algo relacionado
à tecnologia e às novas possibilidades de deslocamento. Todo mundo sabe o
que são dispositivos móveis e sua incrível capacidade de nos levar a lugares
inimagináveis em questões de minutos. Mas como andam as discussões sobre
a nossa possibilidade de transitar pelo espaço público da cidade?
O Plano Diretor Estratégico (PDE) ressuscitou o debate sobre como
habitamos a cidade de São Paulo com novos horizontes para um dos
maiores problemas enfrentados todo dia pelo paulistano: o transporte. Uma das
propostas urbanísticas centrais do plano é preencher com moradias e usos
mistos as áreas em volta dos corredores de transporte público de alta e média
capacidade – metrô, trem, VLT, monotrilho e corredores de ônibus – e no entorno
dos grandes vales dos rios Tietê e Tamanduateí.
Alexandre Abdal, pesquisador associado ao Centro Brasileiro de Análise
e Planejamento – Cebrap, concorda com a ocupação das regiões próximas
a corredores de ônibus, “E essa ideia pode ir além, ao, além de adensar,
estimular moradias que não sejam de luxo nesses corredores com limitação ao
automóvel (por exemplo, extinguir ou limitar vagas de garagem e limitar o número
de banheiros por unidade).” O que faria com que o trânsito de pessoas e
automóveis diminuiria, facilitando a locomoção em horários de pico.
A necessidade de se repensar o modo como nos deslocamos parece ser
um dos pontos principais da campanha do atual prefeito, Fernando Haddad, que
além da aprovação do Plano Diretor tem investido fortemente nas ciclovias.Desde o início
de seu mandato, Haddad entregou 70,6 km de ciclovias.
A medida faz parte do projeto do Programa de Metas da prefeitura, que pretende
entregar, até o final de 2014, 200 km de ciclovias. Para o final de 2016, estima­se o
dobro: 400 km. As inspirações do prefeito são as cidades europeias,que por conta de uma
experiência industrial mais avançada que o Brasil já teve que se adaptar as alternativas de
locomoção e escolheram as bicicletas.Em São Paulo, o Instituto Aromeizero também se inspira nessa atitude e promove a
fomentação da cultura da bicicleta e da sustentabilidade na cidade. Cadu Ronca,
sócio­proprietário do Bike Café, um dos projetos do Aromeiazero, conta que a ideia de juntar
dois produtos como a bicicleta e o café em bikes cafés é comum no exterior.
Com a venda de café, xícaras, filtros, camisetas, adesivos em estabelecimentos “amigos da
bicicleta”, como ele cita, 10% do lucro é revertido para ações de mobilidade urbana.
Um desses projetos é o Bike Arte, um festival independente de rua que
tem como proposta ocupar o espaço público e promover a reflexão sobre as
qualidades de vida de quem pedala. Outro projeto é o Pedala Zezinho, que em
abril desse ano levou 150 crianças e jovens da periferia da Zona Sul de São
Paulo para pedalar no parque Villa Lobos.
A bicicleta, segundo Murilo Casagrande, sócio do Cadu, tem um potencial
enorme de ser o veículo do futuro para os paulistanos, porque para eles isso já
é uma realidade. Mais acessível e sustentável, a magrela promete ser a opção
emergencial para a falta de mobilidade em São Paulo. E parece que o prefeito
também já percebeu isso

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Coleta seletiva de lixo não abrange todas as regiões de São Paul

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Duas primeiras centrais de reciclagem  mecanizadas da América Latina proporcionam a reciclagem de menos da metade do total de resíduos sólidos gerados na cidade de São Paulo.

Por Bruna Blumfeldt

Com a inauguração, no meio deste ano, das duas primeiras centrais de triagens mecanizadas, local onde se realiza a reciclagem de lixo (nestas, a reciclagem deixou de ser manual e passou a ser por maquinas e esteiras) a central da Vila Sabará e a central da Ponte Pequena, que realizam a reciclagem de resíduos sólidos da região de São Paulo, estão gerando juntas, apenas 7% de reciclagem do total de 10,5 mil toneladas de lixo sólido gerados diariamente pela cidade de São Paulo, segundo informações da Secretária Municipal de Serviços.

Juntos, os locais de reciclagem moderna estão recebendo o total de 500 toneladas de lixo por dia, o equivalente a aproximadamente 41 elefantes de 12.000 kg cada. Fora da cidade, a reciclagem de papel, vidro, orgânico, alumínio entre outros não passade 2%

A síndica de um Condomínio residencial na região de Santo Amaro, Ifigênia Jorge, 63 anos, reclama que a concessionária responsável pelo recolhimento do lixo, não faz a retirada separada dos resíduos, que são direcionados a reciclagem através dos próprios moradores e funcionários, “Lixo comum é a Prefeitura que realiza a retirada, todos os dias às 22hs. Para o lixo reciclado estamos sem empresa, na quarta-feira retiramos e os catadores pegam o que interessa e o restante (até termos uma empresa que venha semanalmente) é descartado como lixo comum”.

A concessionária ECOURBIS, informa que para resíduos sólidos comuns, do tipo industrial ou comercial, é permitido a retirada por dia de até  o equivalente a um tambor de metal com água de 200 litros. Segundo a síndica Ifigênia, a média de lixo sólido separado pelo prédio para a reutilização é de quatro sacos de 100 litros. A própria reclama que juntar a quantidade de 2.800 litros de lixo até a próxima retirada, proporciona a falta de estrutura na qual a prefeitura ou a concessionária responsável deveria arcar. “Temos que juntar e guardar até chegar o dia (quarta-feira), porque se colocamos os materiais para reciclagem todos os dias, vai virar uma bagunça com os catadores e até multa pela Prefeitura, se não ficar em local adequado externamente. Tínhamos uma empresa que vinha a cada 2 meses, era muito tempo de espera”.

A estrutura de atendimento a questão de reciclagem atende a uma nova maneira financeira, ambiental e sustentável de contribuição para ambas as partes, tanto pública como particular. Através da reciclagem de produtos reutilizáveis, que é oferecida através da Política Nacional de Resíduos Solídos na qual determina a diminuição dos resíduos secos depositados em aterros sanitários, seriam eficientes com a colaboração de ambas as partes e o cumprimento delas.

Ambas as obras custaram o valor total de R$59 milhões, aproximadamente o preço de 16 Ferraris 599XXX, e segundo a Secretária de Serviços, as obras foram financiadas pelas concessionárias responsáveis pela coleta de lixo na cidade de São Paulo, a LOGA E A ECOURBIS.

A criação das duas centrais fazem parte de um conjunto de ações impostas como meta para melhorar as ações do governo perante o meio ambiente da cidade de São Paulo. Além disso, estás duas triagens proporcionam parcerias com as cooperativas de catadores de lixo, que proporcionam empregos e uma renda convertida para o Fundo Municipal de Coleta Seletiva, Logística Reversa e Inclusão de Catadores.

As centrais permitem a reciclagem dos componentes mais utilizados no dia a dia, desde materiais plásticos, de papel e papelão, até materiais de ferro e vidro.
A novidade nestas centrais é o sistema de mecanização por esteira e separação consciente por agentes ambientais computadorizados, no qual ajudam no auxilio do destino do material: se é considerável reutilizar ou reciclável. Caso nenhuma dessas opções se adequem, o mesmo não sofrerá mudanças, sendo descartável.

Segundo dados da Secretária Municipal de Serviços, mais de um milhão de pessoas são beneficiadas com a coleta do lixo na cidade. Além da criação dessas triagens mecanizadas, a Prefeitura de São Paulo adquiriu recentemente 11 novos caminhões de lixo para permitir a ampliação da coleta em mais 16 distritos, que entrarão em trabalho a partir do mês de outubro. Para a arquiteta e urbanista Pérola Felipette, a  estrutura da cidade de São Paulo não está preparada para a coleta de lixo, “Qualquer infra estrutura de coleta de lixo, como a de Barcelona, necessita de projeto urbano. Depende se sua potencialidade de reciclagem e da logística de transporte do lixo”.  Em Barcelona a coleta do lixo funciona subterraneamente, em que tubos transportam o material até as centrais, evitando o contato da população da cidade, direta com o manuseio ou o descarte incorreto do lixo.

Ambas as obras foram financiadas e são administradas por duas concessionárias contratadas pela Prefeitura de São Paulo, a LOGA, responsável pela coleta do lixo nos bairros das regiões Norte, Oeste e Central, e a ECOURBIS, executora do recolhimento do lixo nos bairros da zona Leste.

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Contaminação do solo em São Paulo afeta a Zona Norte

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São Paulo apresenta cerca de 1, 5 mil áreas contaminadas em toda a cidade

Por: Camila Dias Moura

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O shopping Center Norte e o conjunto habitacional Cingapura, ambos localizados na Av Zaki Narchi, foram construídos em cima de uma área que possuía uma alta contaminação de gás metano, essa concentração se deu devido a resíduos sólidos e de construção. Em 2011 o shopping ficou interditado por um período de dois dias, pois com a concentração de metano haviam sérios riscos de uma grande explosão. Esse gás é pouco solúvel na água e quando misturado ao ar se transforma em uma mistura muito inflamável.  A cidade de São Paulo apresenta hoje, cerca de 1,5mil áreas contaminadas, a região da Zona Norte da cidade é um desses pontos que fazem parte dessa estatística.

De acordo com a página CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), e que é responsável por promover políticas públicas ambientais e de desenvolvimento sustentável, a área possuía uma alta concentração de diversos resíduos, alguns de origem desconhecida, fazendo com que a degradação do solo na região fosse inevitável. Devido ao grande risco que o local apresentava na época, ocorreu a interdição do shopping, e os moradores do conjunto habitacional que são cerca de 5 mil , correram o risco de serem despejados, pois o local corria o risco de explodir e assim colocar a vida de moradores e de freqüentadores em risco.

Com toda a repercussão que o caso teve na época, muitos frequentadores do shopping ficaram com certo receio de irem até o local, o Center norte é um dos maiores centros de compra da zona norte de São Paulo e recebe muitos frequentadores aos finais de semana. Alguns desses na época deixaram de ir até o local devido ao grande risco que o mesmo apresentava é o caso de Lucas Brito Silva, 28, técnico em informática, que disse ter deixado de frequentar o local por mais de dois meses, pois tinha muito medo de tudo explodir de uma hora para outra, gerando assim uma grande tragédia. “meu maior medo na época era ir até o shopping e o local explodir, colocando a minha vida em risco”. Hoje Lucas diz que não tem mais medo de e que vai com freqüência quase todos os fins de semana “Todo o sábado bato carteirinha no Center norte, principalmente para pegar um cinema” brinca Lucas.

Os moradores do local passaram por uma situação difícil e de medo, pois devido ao risco que a área apresentava, os habitantes do Cingapura corriam o risco de serem despejados, no local vivem muitas famílias que possuem somente no Cingapura o conforto e a segurança de uma moradia e de uma vida melhor. Vanaide Brito França Andrade, 35, balconista é ex moradora do loca, disse que a pior parte de tudo o que aconteceu foi não ter um futuro certo e ter que constantemente conviver com o medo e a incerteza como se cada dia fosse o ultimo no conjunto “ Não tínhamos certeza do que poderia ser o dia seguinte, o medo era constante principalmente pelo risco, mas também de não ter para onde ir caso tivéssemos que sair do local” diz Vanaide , hoje ‘Vânia” como é chamada pelos mais íntimos , não mora mais no bairro, mas mesmo assim relembra com assombro os dias difíceis que passou quando ainda vivia no Cingapura.

Outro morador que passou por uma situação nada fácil, foi o porteiro Rafael Amaral, 28, que na época pensou que acabaria sendo despejado junto com sua esposa, Edilene Silva, 33, operadora de Telemerketing. “não foi nada fácil, e para piorar a situação nós tínhamos medo da contaminação” comenta Rafael, que além da preocupação em ser despejado, também possuía um grande medo de ser contaminado com alguma coisa e também pelo risco de explosão. “agente ouvia vários boatos, de que tudo ia explodir e de que todo mundo fosse ficar doente por causa do gás” afirma Rafael.

É necessário que haja consciência por parte de todos. Uma forma de evitar esse problema é separando o lixo, e isso pode ser feito de forma simples. A dona de casa Maria Aparecida, 44, separa todos os dias o lixo para que assim seja possível evitar o despejo de forma indevida e também a contaminação do solo, que estão diretamente ligadas. “separo todos os dias o lixo, colocando os resíduos orgânicos, metais, plásticos e papeis todos separados” comenta a dona de casa.

A engenheira ambiental Talita Távora, 25, fala que existem varias maneiras de se evitar a contaminação do solo uma delas é o uso de KITS e o treinamento de pessoas, isso quando ocorrer à contaminação de forma liquida diz Talita: ‘’kits ambientais para contenção, treinamento e capacitação da pessoa que está manuseando esse produto para evitar o acidente e também atendem a emergência’’ já na forma gasosa a contaminação pode ser evitada de maneira avançadas. “Na forma gasosa existem equipamentos avançados como medidores e calibradores de gases que evitam o vazamento” comenta a engenheira.

Além disso, Talita afirma que é necessário conhecer o contaminante e os riscos que o mesmo oferece através do FIsPQ “ Ficha de Segurança do Produto Químico”. Talita, diz que é de extrema importância que se tenha um treinamento adequado, pois essa é uma das ferramentas importantes para a prevenção “medidas importantes, são treinamentos para as pessoas que de alguma forma vão lidar com esses contaminantes” comenta Talita. Dessa forma através da prevenção e dos cuidados é possível viver sem correr grandes riscos próximo aos locais contaminados, porém cabe ao Governo cuidar para que essas áreas sejam monitoradas de forma adequada, para que assim moradores e frequantadores dessas regiões possam levar uma vida mais tranqüila.

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Moradores da zona rural sofrem com a falta d’água

Poços não estão dando conta de abastecer os sítios e chácaras em Extrema, a principal fornecedora de água para o Sistema Cantareira

Camila Gigliotti

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Piscinas são aproveitadas para consumo no interior

Com a seca que está atingindo a região sudeste, sobretudo a o sistema Cantareira, diversas cidades aos redores da Região Metropolitana de São Paulo já decretaram o racionamento, tal falta de água também atingiu cidades mineiras próximas a divisa do estado.

Em Extrema, cidade protetora das águas, a Copasa, companhia de água do estado de Minas Gerais, já vem adotando o racionamento, devido aos baixos índices de água em suas nascentes e mananciais.

A cidade está localizada no Espigão sul da Serra da Mantiqueira, palavra de origem tupi-guarani que quer dizer local em que nasce a água, decorrentes das inúmeras nascentes da região possui uma população de aproximadamente 29 mil habitantes.

As águas provenientes de Extrema são as principais responsáveis pelo abastecimento do Sistema Cantareira, o qual foi construído com o intuito de levar água para 50% da Região Metropolitana de São Paulo.

Porém o racionamento de água não está apenas afetando a zona urbana, na zona rural pessoas que acreditavam nunca precisar de água, pois utilizam poços, estão tendo que economizar de forma muito mais radical que as pessoas da cidade.

“Possuo dois poços, mas ambos estão secando, não dão conta de abastecer a casa, nessa última semana fiquei três dias sem água. Não achei que um dia passaria por isso, meus poços possuem cerca de 3m água sempre tiveram muita água, hoje vemos a terra.” – conta, Olga Gargarelli, 75 anos, professora aposentada.

Já Luciana Schiavi, 42 anos, comerciante disse: “A situação aqui está complicada desde fevereiro, não sabemos mais o que fazer, já reduzimos ao máximo o uso de água, mas se continuar como está teremos que desfazer dos bichos e ir morar na cidade.” Luciana ainda relatou que para não ficarem sem água estão utilizando a piscina para abastecer a caixa da casa.

No Brasil existem cerca de 400 mil poços, de acordo com o Plano Nacional de Recursos Hídricos, sendo metade deles artesianos, sua maior parte está concentrada em São Paulo e Minas Gerais. Com a falta de água pessoas de maior poder aquisitivos estão recorrendo a eles, mas não sabemos se o lençol freático dará conta dessa demanda, uma vez que, não está proporcionando retorno aqueles que já utilizam desse meio.

O Plano Nacional de Recursos Hídricos já alertava para falta de água no futuro (2020), dizendo que haviam três possíveis cenários, água para todos, água para muitos e água para poucos, contudo percebemos que nada foi feito, acreditaram demais que teria água para todos, com isso hoje sofremos as conseqüências do uso irracional da água, corremos o risco de ficar sem ela. Nunca imaginamos que isso aconteceria no sudeste, pensávamos que era algo que apenas assolava a região nordeste.

Por meio do projeto Conservador das Águas, implantado na cidade Extrema, podemos perceber que iniciativas como essa podem dar certo a longo prazo, como no caso da cidade Extrema que já vem realizando isso a pelo menos 10 anos, e atualmente colhe os frutos, não deixando de pensar nos próximos passos.

Para outras informações do projeto Conservador das Águas acesse a revista online em: http://extrema.mg.gov.br/conservador-das-aguas/.

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